24 de janeiro de 2012

Nota do autor


Olá, queridos leitores!

Venho falar um pouco sobre a minha série de livros.

A série “Herdeiros da Luz” contará com uma trilogia principal, cronológica, da qual o livro “Herdeiros da Luz – O Início da Guerra das Sombras” é o primeiro volume, e também com dois livros complementares.

Dragões – A Origem dos Herdeiros da Luz não é a continuação d’O Início da Guerra das Sombras, mas sim uma prequela (conta fatos que aconteceram antes da história principal) de toda a história, contando o que aconteceu antes do livro anteriormente publicado, como realmente a Guerra das Sombras se iniciou, de onde os Dragões surgiram na Terra. Não fala, porém, o objetivo deles. Isto, é claro, só será contado no final de toda a série.

Agora, vire esta página e mergulhe no fascinante universo dos “Herdeiros da Luz”, onde a imaginação dita o que é a realidade.

O primeiro livro, “O Início da Guerra das Sombras” já foi publicado. O Segundo “Dragões – A Origem dos Herdeiros da Luz”, que é uma das prequelas, está em processo de avaliação, o segundo livro da trilogia, terceiro da série, está em processo de produção, temporariamente paralisado, enquanto o quarto da série, a segunda prequela, está no início de seu processo de criação. Por isso, peço que me perdoem caso os textos comecem a ficar um pouco mais escassos aqui, pois o livro me tomará muito tempo. Tentarei, contudo, suprir a demanda de textos do blog.

Abraços!

A breve segunda vida de Bree Tanner

Título: A Breve segunda vida de Bree Tanner
Autor: Stephenie Meyer
Editora: Intrínseca
Páginas: 190
Skoob: Livro

Pela primeira vez Stephenie Meyer oferece aos fãs uma nova perspectiva do universo de "Crepúsculo". Na voz de Bree Tanner, uma jovem vampira integrante do violento exército de recém-criados que assola a cidade de Seattle no terceiro volume da série, "Eclipse", somos apresentados ao lado sombrio da saga. Bree vive nas trevas, sedenta por sangue. Não conhece sua verdadeira natureza e não pode confiar nos de sua espécie. Sua breve história acompanha a semana que antecede o confronto definitivo entre os recém-criados e os Cullen - a última semana de sua existência.

Percebe-se a forma de escrita de Meyer nas páginas desse livro tão claramente quanto nos da série Crepúsculo. Muitos dizem que Meyer não é uma grande escritora, que fez uma série explorando medos adolescentes e tudo o mais, e por isso fez sucesso entre eles, comparam-na a J. K. Rowling e falam que nem chega perto. Eu discordo completamente, ou quase. Realmente ela não chega muito perto de Rowling, que criou um universo totalmente novo que cativou crianças, jovens, adultos e idosos em todo o mundo e se bobear em outros também. Mas aí falar que ela não sabe escrever, já é demais.

Sou um fã da saga Crepúsculo e já li quatro vezes cada livro, pois sou da filosofia de que quanto mais você relê um livro, mais entende da história e mais fascinante ela fica.

A breve segunda vida de Bree Tanner conta a história de Bree, uma vampira recém-criada que, do ponto de vista da Bella, não vive mais que cinco minutos, como a Stephenie fala no prefácio do livro. Para a história de Bella e Edward, a vida de Bree Tanner não é nada importante. Porém, através deste pequeno livro conhecemos um pouco do verdadeiro universo de um recém-criado, e ainda mais de um exército de recém-criados, que são apenas mencionados quando Jasper conta sua história à Bella.

Ao correr da história, acabei me afeiçoando à Bree e desejando que ela tivesse um fim diferente, que não envolvesse sua morte.

Este livro nos mostra o planejamento de Victoria para tentar chegar até Bella e matá-la, e diz também por que Bree simplesmente se rendeu aos Cullen. Na verdade, nem lutar ela queria, mas foi forçada a isso.

É um livro pequeno, gerando uma resenha pequena, mas isso não quer dizer que ele não seja interessante. Talvez não acrescente nada para a história, mas, ainda assim, vale a pena como uma leitura desestressante e rápida.

23 de janeiro de 2012

Resenha: Os Filhos de Húrin

Título: Os Filhos de Húrin
Autor: J. R. R. Tolkien
Editora: WMF Martins Fontes
Páginas: 336
Skoob: Livro

Num tempo muito remoto, muito, muito antes dos tempos de “O Senhor dos Anéis”, um grande país estendia-se para além dos Portos Cinzentos a Ocidente: terras por onde outrora caminhou Barbarvore, mas que foram inundadas no grande cataclismo com que findou a Primeira Era do Mundo.
Nesse tempo remoto, Morgoth habitava a vasta fortaleza de Angband, o Inferno de Ferro, no Norte; e a tragédia de Túrin e a sua irmã Niënor desenrola-se sob a sombra do medo de Angband e a guerra forjada por Morgoth contra as terras e cidades secretas dos Elfos.
 

Para mim, não importa o que as pessoas digam, Tolkien é um gênio fantástico e, por mais que muitos digam que não, melhor que George R. R. Martin.

Afinal, o Tolkien não escreveu apenas uma série de sucesso. Ele escreveu um mundo, um universo inteiro.

A saga de O Senhor dos Anéis se passa na Terceira Era da Terra-Média, milhares de anos depois de o mundo ter sido criado pelos Valar (para saber mais sobre os Valar e a criação da Terra-Média, leia O Silmarillion, de Tolkien), e é apenas o fim da história que ele escreveu. Antes disso há um mundo inteiro de histórias.

Os Filhos de Húrin, conta exatamente a história de seu título, a dos filhos de Húrin. Húrin foi um descendente de Beren, o maior e mais poderoso homem que passou pela Terra-Média. Beren se casou com uma elfa, Lúthien, e desafiou Morgoth, por isso ficou tão conhecido. Sua história é contada em O Silmarillion.

Húrin, sendo descendente de Beren, nada menos poderia ser do que um grande homem, que também desafiou Morgoth, que, na verdade, é Melkor, o primeiro e mais poderoso dos Valar, os seres que criaram o mundo.

Húrin acaba sendo aprisionado por Morgoth, que lança uma maldição sobre a sua família, dizendo que a sua sombra pairará sempre em cima deles, levando-os a tristeza e a maus caminhos.

A casa de Húrin então se desfaz sob o ataque de Morgoth sobre a Terra-Média, o que força Túrin, seu filho mais velho, a abandonar sua mãe e irmã, que, com o tempo, acabam tendo que sair de suas terras também.

Túrin se torna um grande homem, digno de sua descendência, um grande senhor e guerreiro, mas a má sorte está sempre acompanhando-o em suas decisões, que, por mais que sejam bem intencionadas, acabam trazendo o mal para aqueles que o cercam, inclusive para sua irmã, Nienor, a qual acaba reencontrando após muitos anos.

Neste livro o estilo clássico de Tolkien está, é óbvio, presente em cada linha, com sua forma detalhista de descrever tudo, mas apenas aquilo que é mais necessário, ainda que isso já seja muita coisa.

Confesso que quando fui começar, tive medo de que fosse como Contos Inacabados, uma leitura cansativa e sem ritmo, mas me surpreendi com o conto, como dizem, mais sombrio de Tolkien. No fundo, não há felicidade na história dos filhos de Húrin. É uma história triste, mas que nos apresenta novos fatos sobre a fantástica história da Terra-Média.

Para os que apenas assistiram aos filmes ou simplesmente “gostaram” dos livros d’O Senhor dos Anéis, acredito que esta história não seja muito relevante.

Àqueles que são fãs dos livros de Tolkien, historiadores fascinados pela Terra-Média, não apenas por O Senhor dos Anéis, recomendo este livro como uma ótima e construtiva leitura.

O direito de censurar


Nos últimos dias um assunto muito polêmico e de extrema importância tem sido debatido no mundo todo, e o debate mais importante se passa na nação mais arrogante do planeta: os EUA.

SOPA: Stop Online Piracy Act. Em tradução livre: Lei de Combate à Pirataria Online.

O nome parece bonito, uma lei defensora dos direitos de artistas e intelectuais que têm seus trabalhos protegidos por direitos autorais e os divulgam pelo mundo como sua forma de trabalho. O nome da lei só não diz o que há entre suas páginas (e por trás dela).

No fundo de tudo, esta lei concerne em uma coisa: censura.

Querem censurar a internet.

Ok, se os trabalhos estão protegidos por direitos autorais, legalmente, eles não podem ser veiculados sem a permissão de quem detêm os direitos. Empresas que apóiam esta lei são gravadoras e coisas do tipo, entre outros, que dizem perder milhões de dólares para a pirataria na internet. Vamos falar seriamente: empresas como a Universal Music Group precisam mesmo de mais dinheiro?

Como tudo na porcaria deste mundo, essa lei também visa o dinheiro, a merda do dinheiro. Quantas pessoas neste mundo não matariam as próprias mães se fossem pagos para isso? E ainda mais em troca de uma soma de milhões.

Ok, pirataria é crime, sabemos disso, mas cobrar oitenta reais por um cd original numa loja é completamente ético, não é? Fora da lei não podemos dizer que é, pois eles podem cobrar o que quiserem pelos produtos deles, mas, ainda assim, é um assalto aos nossos bolsos. Eu, sinceramente, não pago isso. Os únicos cds originais que possuo são da minha banda preferida, de resto, é baixado da internet mesmo.

Mas será que isso é tão ruim mesmo, essa disseminação das músicas e filmes na internet?

Eu não acredito que seja. Um exemplo disso é a banda “O Teatro Mágico”, que ficou famosa no país inteiro sem nunca ter assinado com uma gravadora (e todas as brasileiras já fizeram propostas). Eles disponibilizam suas músicas para serem baixadas gratuitamente no site deles e ainda vendem os cds a dez reais (cerca de oitenta por cento mais barato que os lançamentos em lojas). E detalhe, eles vendem mesmo os cds deles, as pessoas compram, mesmo podendo baixar de graça todas as músicas.

Outro fato: porque será que artistas famosos, aqueles mesmos que, segundo a lei, teriam seus trabalhos protegidos por ela, apoiavam o maior site de compartilhamento de arquivos do mundo, o megaupload, que foi tirado do ar na semana passada e teve seus donos presos?

Sabe porquê? Porque quem realmente ganha dinheiro com toda essa roubalheira são as gravadoras, que faturam milhões a mais que qualquer artista. Para os artistas sérios, o que eles querem é divulgar o trabalho deles, e quer forma melhor de divulgar do que a internet?

A partir do momento em que músicas deixarem de ser compartilhadas na internet, acredito que as vendas de cds irão é diminuir, pois muitas pessoas baixam as músicas, vêem se gostam e só então compram o cd, para não gastarem pelo menos cinquenta reais em algo ruim. O povo não vai partir para as lojas por não poderem mais comprar, mas sim encontrar outras formas de conseguir as músicas. Se bobear, a pirataria fora da internet só vai aumentar.

Lamar Smith, principal defensor e criador da SOPA, disse: “é óbvio que precisamos de fazer uma nova aproximação de qual a melhor maneira de resolver o roubo dos ladrões estrangeiros que roubam e vendem material e invenções americanas”.

Mais uma vez, a super conhecida prepotência norte-americana.

Se esta lei realmente entrar em vigor, veremos uma nova era na internet. Aquele lugar onde você podia encontrar tudo o que queria com alguns meros cliques? Ele não vai existir mais.  A SOPA é mais uma mostra de que os EUA realmente acreditam poder dominar o mundo e modificá-lo ao seu bel prazer. Felizmente essa lei só se aplicará aos EUA, ainda que a maioria dos sites bons estejam hospedados lá, o que prejudicará muito a internet. Por outro lado, tenho certeza que dezenas, centenas de outros sites começarão a aparecer no mundo todo para suprir a carência de informação que esta censura causará.

No fim, eles não vao conseguir o seu intento. O megaupload não mais compartilhará músicas e filmes na internet, mas outros sites no resto do mundo sim, e por mais que os mecanismos de busca sejam proibidos de veicular seus links, não tenho dúvidas de que eles se tornarão conhecidos.

Vamos dizer não à censura na internet! Toda censura é burra, toda privação de conhecimento é ignorante. A era que vivemos é a da informação e do conhecimento, não vamos permitir que percamos isso.

19 de janeiro de 2012

Resenha: As Crônicas de Gelo e Fogo – A Fúria dos Reis

Título: A Fúria dos Reis
Autor: George R. R. Martin
Série: As Crônicas de Gelo e Fogo
Editora: Leya
Páginas: 656
Skoob: Livro

Um cometa da cor do sangue e fogo atravessa o céu. E a partir da cidade antiga de Dragonstone às margens proibidas de Winterfell, reina o caos. Seis nações lutam pelo controle de uma terra dividida e pelo Trono de Ferro dos Sete Reinos, preparando-se para o embate através de tumulto, confusão e guerra. É um conto em que irmãos conspiram contra irmão e os mortos se levantam no meio da noite. Neste lugar uma princesa se disfarça como um garoto órfão, um cavaleiro espiritual prepara um veneno para uma feiticeira traidora, e homens selvagens descem das Montanhas da Lua para devastar o campo de batalha. Com um pano de fundo incesto, alquimia e assassinato, a vitória pode chegar aos homens e mulheres possuidores do aço mais frio… e corações mais gelados. Quando há um confronto entre reis, toda a terra treme.

A Fúria de Reis traz em suas páginas todo o esplendor prometido pela série “As Crônicas de Gelo e Fogo” e pelo primeiro volume desta. Sua narrativa intricada com personagens extremamente complexos nos revela traições, conspirações, mortes, magia e acontecimentos simplesmente inesperados. A guerra pelo Trono de Ferro dos Sete Reinos continua, e ainda mais sangrenta do que antes. Milhares morrem e batalhas ganhas são perdidas de formas muito bem trabalhadas. Estratégias de guerra brilhantes sobrepõem os números, assim como a traição.

Martin é realmente um gênio. Através da forma que escreveu seu livro, vemos os acontecimentos e história a partir da visão de muitas personagens. Quando acaba um capítulo, nos vemos desejando que a parte narrada por aquela personagem volte para podermos saber o que aconteceu com ela a seguir.

Na grande história da guerra pelo Trono de Ferro, dezenas de histórias paralelas se desenrolam, várias delas diretamente envolvidas com a guerra enquanto duas outras estão mais “à parte”, ainda que seus desfechos vão influenciar a tudo.

As criaturas fantásticas reveladas no fim do primeiro livro crescem, mas ainda não tomam um papel mais incisivo na história, deixando a sua magia e poder para o próximo volume, provavelmente, que será quando os dragões voltarão ao reino de Westeros.

Para além da Muralha, Jon Snow vê sua vida mudando completamente, até mesmo sua lealdade (ou, esta última, supostamente mudando).

A forma de escrita é tão detalhista quanto o do livro anterior, mantendo-nos presos às páginas. Porém, achei este livro bem mais parado que e houve partes que tive que me esforçar para continuar a ler, porque estavam realmente monótonas. Não cansativas, mas sem muita ação.

Pela forma que as coisas acontecem, é quase como se Martin misturasse a fantasia com o enredo de um romance policial, pois aquilo que ele nos induz a pensar num instante acaba se revelando totalmente diferente depois, sem contar as vezes em que ele coloca algo que nos faz imaginar que possa ser uma coisa, mas não nos dá a certeza, que só virá muitas páginas depois.

A cada página, novas criaturas fantásticas aparecem, novas magias surgem, novas reviravoltas acontecem.

Comparam esta série à d’O Senhor dos Anéis, mas são tão diferentes, tanto na escrita, quanto na história, que parecem até mesmo pertencer à gêneros diferentes. Uma coisa, porém, este livro tem em comum com o segundo volume da série de Tolkien, que é a história mais detalhada e parada d’As Duas Torres.

Em resumo, talvez o primeiro da série ganhe em alguns pontos, mas este livro não deixa de ser fantástico a cada nova página e termina com tanto suspense, com tantas coisas inacabadas e sem ideia de como podem acabar, que nos faz querer desesperadamente ler o terceiro.

17 de janeiro de 2012

Blog Parceiro - Zaakar.com


Caros leitores!

Venho apresentar o novo parceiro do blog “Brisas e Pensamentos”!
O nome dele é Rafael Santos Pereira e é dono do blog Zaakar.com, onde vocês vão encontrar muitas notícias do universo literário, resenhas de livros e também textos do próprio autor! Vale a pena conferir!

Abraços!

http://zaakarcom.blogspot.com


Uma rosa branca para o amor


Não sei quantas vezes já vim aqui falar sobre o amor. Não sei quantas vezes vim aqui falar sobre o meu amor.

Inúmeras, com certeza, e das mais variadas formas. Imagens, textos, livros, poemas, músicas... De todas as formas que consegui encontrar, me declarei.

O amor é o mais intenso dos sentimentos, o mais presente, o mais odiado, o maior causador de guerras, o mais declamado, dito, visto, desejado...

E também o mais incompreendido.

Amor de mãe, pai, filho, irmão, amigo, inimigo... Os tipos são variados, mas os verdadeiros são raramente encontrados.

O mais intenso, para mim, é o amor que nasce entre um homem e uma mulher.

Sinceramente falando, eu sou um grande amante deste tipo de amor. É um amor que faz nossos corações baterem mais forte, com mais intensidade, nos dá um sentido na vida, nos faz desejar e sonhar. Afinal, o amor entre irmãos não te faz querer constituir uma família, querer construir algo bom para o seu futuro. O que nos faz seguir em frente, não desistir, batalhar, lutar até o fim, no meu caso, é o amor de uma mulher. E novamente no meu caso, de uma mulher bem específica.

Uma vez escrevi estas palavras, que mais tarde se transformaram em parte de uma canção.

“E se o seu coração parasse de bater,

Com os próprios punhos o forçaria a voltar a viver?

O quanto agüentaria correr se fosse preciso fazer?

A que profundezas chegaria pela sua própria existência?...

E se um dia ela chegasse a morrer?

Correria através da noite sem nunca se deixar vencer?

Voaria através da luz se fosse necessário fazer? 

Hoje, nada disso mudou.

Enfrentaria furacões, lutaria contra gigantes, me lançaria contra um exército inteiro com apenas uma espada e um escudo nas mãos, e em cada uma dessas batalhas, eu venceria dez vezes se fosse preciso, pois minhas armas, não importa se forem apenas meus próprios punhos contra um gigante ou uma espada contra um furacão, elas seriam sempre feitas do nosso amor, um amor verdadeiro, e nada pode ser mais forte do que o amor se as pessoas que o sentem estão dispostas a enfrentar o que for preciso por este sentimento.

Por que o amor é vida, e o amor dela é minha vida.

Por que ela foi a pessoa que me salvou de todas as formas que alguém pode ser salva, porque estas palavras You're here, there's nothing I fear”, são nada mais que a verdade. Enquanto ela estiver ao meu lado, não haverá nada que eu tema, a não ser perdê-la.

Hoje, tenho medo, mas não por que acredito que possa não a ter ao meu lado. Isso tenho certeza que vai acontecer, mais cedo ou mais tarde. O problema é apenas se for mais tarde.

A única coisa que pode ser feita é continuar lutando e lutando e lutando, sem desistir, sem se entregar, porque ela está ao meu lado, e é tudo o que eu preciso para vencer todas as batalhas que virão.

Uma balada de primavera – Sétima parte - A terceira Sinfonia


Por vezes as lágrimas ainda escorriam do rosto do maestro e ameaçavam cair sobre as cordas do violino da esperança. Uma ou outra vez, seu arco falhou na umidade, mas ele não parou de tocar.

A chuva caía mais e mais forte, até que ele se viu isolado no palco. Não enxergava seus amigos nas cadeiras, não ouvia som algum que não fosse o trovejar dos raios e o duro som da torrente de água que caía do céu. Era como se todos os oceanos estivessem sendo derramados em cima dele. A causa daquela chuva, como tudo naquele teatro, era os sentimentos dos dois, e a maestrina estava lá, distante, entregando-se à dor, sofrendo e chorando e, assim, fazendo chover no teatro.

A água fria encharcava o maestro até os ossos e mais além. Chegava ao seu espírito e, em certo momento, ele estremeceu. Um estremecimento do fundo da alma. Quando isso aconteceu, uma corda do violino se rompeu. O desespero ameaçou tomar o coração do maestro, mas ele não parou de tocar.

Por fim, suas pernas perderam sua força e ele caiu de joelhos. Ainda assim, ainda se podia ouvir o som de sua música, triste, lamuriosa, desesperada.

Não mais ouvia ou até mesmo sentia a maestrina. Sentia, sim, é que estava morrendo. Morrendo por se entregar ao desespero, por se entregar à dor, por imaginar que nunca mais poderia sentir o toque suave de sua amada, ouvir sua voz doce, beijar sua boca, abraçar seu corpo.

Mas de que adianta desistir? De que adianta se entregar? Deixar de lutar significa morrer em sentimento. Persistir na batalha significa que ainda há esperança, por mínima que ela seja.

À distância, a maestrina permanecia presa por grilhões que poderiam ser mais fortes que ela. Ou então poderiam se romper se ambos unissem suas forças contra os elos.

Um joelho se ergueu e um pé encontrou novamente o chão. O maestro fez força, tentando se levantar sem deixar de tocar. As notas falharam e escorregaram pelo palco, desritmadas. As forças de suas pernas se recusavam a voltar, mas ele se esforçou, suou debaixo de toda aquela chuva, mas a água que caía era forte, muito forte, como enormes tsunamis vindos diretamente de todos os céus com o único objetivo de mantê-lo no chão.

Ele permaneceu ali lutando e se esforçando ao máximo, sem cair mais, mas sem conseguir nenhum progresso. Foi quando ele sentiu o toque.

Seu coração saltou no peito, reassumindo momentaneamente um ritmo mais forte ao imaginar que poderia ser a bela maestrina. Mas não, ele sabia, conhecia seu toque, e aquelas não eram as suas mãos. Aqueles eram seus amigos.

Eles o ergueram do chão e o mantiveram em pé. Lágrimas escorreram pelo seu rosto ao olhar aqueles rostos que só queriam o seu bem. Um deles trazia uma nova corda para substituir a que tinha se rompido. Ele colocou-a e voltou a tocar, amparado por eles, que agora eram a força que lhe faltava. E assim a música continuou. Não perdia-se mais tão completamente em meio ao rugido da chuva, mas também não ia tão longe assim.

Os sentimentos dentro dele se agitaram, mas ainda não eram capazes de produzir sons. Podiam, porém, abrandar aquela tempestade.

Em pouco tempo, a enorme torrente transformava-se em pouco mais que uma garoa, sem vento ou raios, calma.

A Terceira Sinfonia dos Campos de Pinheiros foi marcada e sempre será lembrada pela grande tristeza de suas notas, pela suavidade de seus sons quase apagados, pelas lágrimas que desperta em qualquer um que a ouça com o coração. Será marcada pela morte da esperança e, depois, pelo renascimento desta.

10 de janeiro de 2012

Uma balada de primavera – Sexta parte - As torrenciais chuvas de verão


Seguiu-se a Segunda Sinfonia dos Campos de Pinheiros com toda a sua elegância magistral, seus tons alegres e felizes. O outono se desfazia rapidamente, da mesma forma como tinha chegado para desvanecer o terrível inverno de sentimentos.

Ao outono, seguia-se o verão.

A ordem das estações pode estar um pouco confusa, mas, naquele teatro, as coisas aconteciam conforme a música que se tocava, e aquela música era como um verão ainda tímido, iniciando-se, com o Sol começando a desbravar as nuvens e mostrar seu calor. As estações ali tomavam forma conforme os corações dos regentes da sinfonia.

E agora os regentes estavam assim: ainda tímidos, mas exalando o calor de seu amor através das notas. A neve derretia cada vez mais, até que nada dela restou.

Cada vez mais pessoas ficavam sabendo da novidade, ouviam a música se espalhando por quilômetros e iam até o teatro para apreciar aquela bela sinfonia.

A maestrina se aproximava cada vez mais, voltando para o seu amado, aceitando-o de volta. O maestro continuava a cantar e dançar e tocar e reger os instrumentos do palco e os do público.

Para o observador mais atento e sensível, percebia-se um pequeno toque de tristeza naquela música, e era este toque que impedia que o Sol brilhasse realmente forte. A tristeza era a saudade, que apertava os corações quase recompostos dos regentes. Uma saudade tão grande como nunca tinham sentido antes, uma saudade que chegava a doer fisicamente, a fazer o corpo ansiar pelo toque do outro, pelo abraço e pelo beijo, ou apenas pelo sorriso. Ainda assim, apenas o tempo agora os separava.

Ou talvez não.

Um contratempo, notas dissonantes, uma percussão atravessada.

Em outro ponto, uma música pesada se chocou contra a sinfonia suave do grande teatro.

As ondas se chocavam e se destruíam, aniquilando-se. A música do maestro começou a se perder. Não conseguia se afastar do teatro e às vezes nem mesmo chegar à maestrina.

Uma dor repentina assaltou-os: o medo.

O violino da esperança caiu ao chão, sem conseguir manter seu ritmo, suas cordas desafinando e estourando, as crinas de seu arco arranhando as cordas que restaram de uma maneira quase fúnebre, até que ele desistiu de produzir qualquer som.

A maestrina parou. Uma pesada barreira impedia-a de se aproximar de seu amado maestro, impedia que o maestro chamasse sua amada maestrina.

Os espectadores ficaram tensos, alguns pararam de tocar, outros mudaram o tom de sua música. Eles enviavam ajuda com suas notas, mas algumas nem mesmo chegavam ao maestro, quanto mais à maestrina, que se afastava cada vez mais contra a sua vontade.

Os regentes não conseguiam mais se comunicar e a tristeza foi tomando forma novamente, iniciando na maestrina e forçando sua passagem pelo coração do maestro.

Ele caiu e chorou. Chorou rios de lágrimas e sangue e deixou que seu violino caísse. Novamente o teatro estava em silêncio, quebrado apenas pelos soluços afogados do maestro que jazia de joelhos no palco, tentando abafar a dor em seu coração. As pessoas começaram a sair novamente, mas não todas. Os amigos ficaram, mas eles não sabiam exatamente o que fazer, por isso apenas observaram novas manchas no palco, dessa vez, causadas pelas lágrimas do maestro.

Ele era mais forte do que isso. Não ia desistir, não desistiria nunca mais.

Seu coração bateu forte, ainda que sem um compasso definido.

Ele seria a força de ambos, ele não deixaria que a esperança deixasse de tocar.

Retirou as cordas do seu violino e foi até onde o violino da esperança tinha caído. Trocou as cordas uma a uma, pegou seu arco e levantou-se, majestoso em sua dor. Uma tristeza feroz emanava dele, que a usou para se pôr a tocar.

Agora era ele quem regia a esperança, ele quem a tocava. A esperança não depende de ninguém além de quem a sente, e ele estava decidido a não deixar que ela acabasse.

Um trovão retumbou pelo céu logo após o clarão que iluminou todo o teatro e centenas de quilômetros ao redor. De lá de dentro, o maestro pôde enxergar a maestrina, sofrendo novamente. Não ia permitir que isso acontecesse.

Raios rasgaram os céus quando as primeiras gotas torrenciais banharam o chão, o palco, os sentimentos.

As chuvas do verão haviam chegado.

8 de janeiro de 2012

Uma balada de primavera – Quinta parte - A grande velocidade das estações


E assim, o outono da esperança desfez o grande inverno de sentimentos.

O maestro se pôs a trabalhar.

Sozinho, pegou uma pá e começou a retirar toda a neve que se acumulara dentro do teatro. Ali, para que o Sol, a Lua e as Estrelas chegassem novamente, o trabalho teria que ser muito duro e realizado apenas por eles, maestro e maestrina. Como esta ainda estava longe, mas chegando, ele se esforçou ao máximo para que tudo estivesse bem melhor quando ela chegasse.

Toneladas de neve se desfizeram sob o esforço do dedicado maestro. Mais uma vez, ele sentia-se completo, ou completando-se, com um rumo em sua vida, com esperança, com vontade de viver, de ser feliz, com a certeza de que seria feliz, com entusiasmo para novamente compor suas músicas de declarações.

Após terminar a limpeza do palco, tomou nas mãos outro violino e se pôs a acompanhar aquele que tocava a esperança. Suas notas foram fortes, com vida, animadas, e ecoaram ainda mais longe com toda a intensidade que possuíam. Aos poucos, pequenos espectadores voltaram a escutar a melodia.

Ele tocou e tocou, incessantemente, por horas, dias a fio, até que seus dedos sangrassem nas cordas, mas nem assim ele parou. As gotas caíram de suas mãos e tocaram os locais do palco que haviam sido manchados pelas lágrimas da maestrina. Como em um toque de mágica, as manchas desapareceram por completo, tornando o palco impecável novamente.

Sua música começou a despertar os outros instrumentos, que sacudiram a poeira e a ferrugem de seus corpos e cordas, recuperando lentamente o seu brilho. Testaram algumas notas, afinaram-se e, timidamente tentaram começar a tocar, a acompanhar o maestro que não mais usava uma batuta para comandá-los, mas o arco de seu violino.

As notas da esperança ganharam cada vez mais força e, juntos, os instrumentos derreteram e evaporaram a neve que ocupava o resto do teatro. Os lugares para o público voltavam a ficar disponíveis, a neve do teto se desfazia lentamente enquanto as nuvens do céu se afinavam e o Sol novamente conseguia voltar a banhar com sua luz a imponente estrutura que começava a recuperar o antigo brilho refulgente.

As pessoas começaram a entrar para ouvir a música, a se acomodar em seus lugares. Alguns pontos ainda estavam tomados pela neve, mas já havia lugares suficientes para um bom público.

Estes entraram vagarosos, meio tímidos, desconfiados, mas não podiam deixar-se não contagiar com a felicidade exprimida pelo maestro com seu violino. Ele não apenas tocava, mas dançava e cantava, sorria, pulava, descia do palco e regia seus instrumentos do meio da plateia, que começou a acompanhá-lo.

Alguns tinham seus próprios instrumentos e logo entraram na melodia da segunda Sinfonia dos Campos de Pinheiros, o segundo ato, o próximo volume de tão magnífica série. Assim, os sentimentos dos espectadores fundiram-se pela primeira vez com os instrumentos do maestro e da maestrina. Uma nova música se fazia ouvir no grandioso teatro de muitos nomes.

As pessoas chegavam cada vez mais, de vários lugares, felizes por poderem novamente ouvir aquela belíssima música. Ela era intensa, fulgurante, apaixonante, viva, pura alegria. Era aquilo que queriam que nunca tivesse acabado, aquela alegria feroz que exalava dos olhos do maestro.

A música, eles sabiam, é claro, ainda não estava completa. Faltava a maestrina, mas ela estava a caminho.

Sua voz chegava até lá, cantando liricamente para acompanhar o seu amado em sua felicidade. Todos estavam felizes novamente, cantando e dançando. Os assentos não eram mais necessários, ninguém os estava usando. Estavam todos em pé, cada um com seu instrumento, dando seu toque pessoal de incentivo àquela grande alegria.

Novamente, a Sinfonia dos Campos de Pinheiros se fazia ouvir aos quilômetros de distância.

Ao breve outono da esperança, seguia-se o feroz verão da reconquista.

7 de janeiro de 2012

Uma balada de primavera – Quarta parte - O outono da esperança


Foi assim que o outono começou. Breve outono.

Um pulsar de intensa dor despertou o maestro de seu túmulo de neve. Junto com a dor, veio o amor. Mais uma vez eles sentiu-se inundado por aquele tão grandioso amor que havia construído sua saudosa casa de espetáculos.

Sim, a dor era inundada de imensa saudade.

A mente se encolheu ante a força do coração e, vendo que não era páreo para aquele tão intenso sentimento, recuou cada vez mais, então cedeu. Sim, ela sabia, aquela era a lógica do sentimento, a razão da emoção, e ela estava muito mais certa do que a mente. Era a única certa.

Sem pensar em procurar uma saída para a tumba de seu coração, o maestro se lançou para a neve acima dele, cravando suas unhas nela, arrancando grandes pedaços de cada vez.

Ele foi subindo e subindo. Pelo caminho, deixava um rastro de sangue de suas mãos que se machucavam na neve dura e cruel. O maestro não se importava. A dor era a consequência da sua escolha. Ele precisava senti-la.

Enfim, emergiu em um grande deserto frio. A tempestade caía forte, impedindo-o de descobrir para que direção ficava seu teatro.

O desespero começou a tomá-lo, lágrimas rolaram por suas faces, quentes, derretendo as gotas úmidas de gelo que se fixavam em sua pele. Num pânico súbito, ele gritou com a mente, voz e coração, o nome de sua tão amada maestrina.

Ao contrário do que se pensa, o som não foi abafado pela cortina de neve. Não. Na verdade, ele a desfez.

O som de seu grito foi tão estrondoso que abalou a tempestade, que recuou, temerosa diante de tamanha intensidade de dor e sentimento. Os últimos flocos caíram flutuando para o chão.

Logo a sua frente, a quilômetros de distância, o maestro viu a silhueta coberta de neve de sua casa de espetáculos. Ele podia pensar em diversos nomes para ela: Campo de Pinheiros, Vale da Lua, Planície do Sol, Estrela Vespertina ou qualquer outro que envolvesse qualquer uma dessas coisas, mas um único nome nunca poderia abarcar toda a significância que tinha aquele lugar, toda a sua verdadeira essência. Aquele teatro era um lugar onde o Sol, a Lua e as Estrelas se encontravam em harmonia, onde cada um deles representava um pedaço, mas nunca a totalidade, pois ela era tão infinita quanto o universo, ou talvez até mais.

E então ele correu. O maestro correu e correu, gritando o nome de sua amada, chamando por ela, clamando por seu perdão. Ele correu até que suas pernas não podiam mais se mover, e então ele foi ao chão.

A neve derretia por todos os lados, relevando pequenas imperfeições no terreno. Ele havia tropeçado em uma pedra escondida.

As pesadas nuvens do céu se desfaziam lentamente, mas o Sol ainda estava oculto, assim como a Lua e as Estrelas. No teatro, porém, a neve ainda continuava intacta.

Lágrimas rolaram pelo rosto do maestro quando sua esperança ameaçou vacilar. Será que estava tudo perdido? Será que ele tinha jogado fora a chance de ser feliz.

Muito ao longe, tão baixo que ninguém escutou, ouviu-se uma voz. Na realidade, ninguém poderia escutar aquele chamado, mas ele o ouviu. Levantou a cabeça, o coração desritmado em disparada.

Sim, ele reconheceria aquela voz em qualquer lugar, no meio de um furacão. Era a voz da maestrina.

Ele não podia vê-la, mas sabia que estava ali, em algum lugar, além dos limites do teatro. Ele então se levantou e correu, correu ainda mais, cada vez mais. O teatro chegava cada vez mais perto. Suas enormes portas estavam abertas para ele, pois um sentimento tocava mais uma vez dentro do teatro, um único sentimento, forte, porém ainda solitário, ecoando suas notas lugubremente pela estrutura sobrecarregada de dor e tristeza.

Adentrou o complexo com extrema ansiedade, vasculhando-o inteiro em busca de sua amada.

No palco, um solitário violino meio enferrujado fazia suas notas ressoarem pelo ambiente. Ele estava sozinho ali. Mas não completamente. Sentia, em seu íntimo, a presença da maestrina. Ela estava longe, mas presente em pensamento. Ele chorou e pediu perdão ao sentir a dor dela. Chorou muito, principalmente com o coração e, enfim, ela o perdoou.

Estava voltando para ele.

6 de janeiro de 2012

Resenha: O Nome do Vento

Título: O Nome do Vento
Autor: Patrick Rothfuss
Série: A Crônica do Matador de Rei
Editora: Arqueiro/ Sextante
Páginas: 656
Skoob: Livro 

Ninguém sabe ao certo quem é o herói ou o vilão desse fascinante universo criado por Patrick Rothfuss. Na realidade, essas duas figuras se concentram em Kote, um homem enigmático que se esconde sob a identidade de proprietário da hospedaria Marco do Percurso.

Da infância numa trupe de artistas itinerantes, passando pelos anos vividos numa cidade hostil e pelo esforço para ingressar na escola de magia, O nome do vento acompanha a trajetória de Kote e as duas forças que movem sua vida: o desejo de aprender o mistério por trás da arte de nomear as coisas e a necessidade de reunir informações sobre o Chandriano - os lendários demônios que assassinaram sua família no passado.

Quando esses seres do mal reaparecem na cidade, um cronista suspeita de que o misterioso Kote seja o personagem principal de diversas histórias que rondam a região e decide aproximar-se dele para descobrir a verdade.

Pouco a pouco, a história de Kote vai sendo revelada, assim como sua multifacetada personalidade - notório mago, esmerado ladrão, amante viril, herói salvador, músico magistral, assassino infame.

Nesta provocante narrativa, o leitor é transportado para um mundo fantástico, repleto de mitos e seres fabulosos, heróis e vilões, ladrões e trovadores, amor e ódio, paixão e vingança.



Fascinante. Envolvente. Empolgante. Emocionante. Inspirador. Intenso. Mágico.

Durante toda a leitura a única dificuldade que tive foi em não acabar virando duas páginas de uma vez só, o que aconteceu várias vezes, porque as folhas são um pouco finas. Poucos foram os livros ultimamente que conseguiram despertar em mim ansiedade, nervosismo, apreensão, raiva, medo, uma pontinha de desespero, alegria, inspiração, amor e outros sentimentos. Este foi um deles.

Kvothe (ou Kote) é uma personagem simplesmente diferente de qualquer outro que já tenha lido antes.

Esta história não pode ser classificada como um épico medieval como O Senhor dos Anéis e As Crônicas de Gelo e Fogo. Tem um estilo diferente, mas nunca inferior.

Na maioria das histórias de fantasia, há um herói. Às vezes ele não é poderoso, como o caso de Frodo. Às vezes é ou aprende a ser, como em Eragon, ou às vezes os heróis são homens comuns e muitos, como em As Crônicas de Gelo e Fogo.

Em O Nome do Vento, não se sabe se Kvothe é ou não um herói. Sabe-se que ele é poderoso, já no começo do livro, sabe-se que é uma pessoa boa e que foi reverenciado no passado, afinal, histórias são contadas por todos os lados. Mas por quê um herói se esconderia? O que se esconde no passado de Kvothe?

A história é contada em dois tempos diferentes. Um é o “tempo real”, com o Kvothe já depois de todo seu treinamento, e o outro é a história dele, a qual ele conta ao Cronista, Devan Lochees, uma personagem que vai atrás e coleciona histórias.

Com o aparecimento de Devan, Kvothe resolve se entregar às memórias do passado que tenta esquecer. Outro motivo para pormos em dúvida o heroísmo de Kvothe é isso: o que aconteceu de tão ruim em seu passado para ele querer esquecê-lo?

O problema é que, mesmo você sabendo que ele pode ter feito coisas assustadoras, é impossível não tornar-se seu amigo ao saber de seu passado, onde ele aprende uma magia diferente de qualquer uma que se vê em histórias fantásticas por aí (talvez tenha alguma semelhança com Eragon, mas apenas alguma, sendo que seu nível é superior).

Não se sabe se o objetivo de Kvothe, ao ir para a Universidade, era ser um arcanista ou procurar informações sobre o Chandriano, um grupo de assassinos que povoa histórias para crianças, mas que é muito real. Na verdade, seu objetivo é os dois, mas nem ele sabe qual é o mais importante para ele.

No meio de seu aprendizado, ele conhece Denna, uma encantadora mulher que o conquista completamente, e esse romance, para mim, é um dos melhores que existem nas histórias por aí. Por mais que Kvothe diga não levar jeito com as mulheres, ele é o melhor conquistador que já tive a honra de ler sobre.

Das palavras, nasce o arrepio que percorre o corpo, subindo e descendo em seu caminho de sentimento. Os sentimentos descritos no livro são intensos e nos fazem arrepiar enquanto lemos.

E o melhor de tudo! Quando terminamos, percebemos que não conhecemos praticamente nada da história de Kvothe ainda! Tudo o que o levou a ser quem é, a se esconder em uma pousada de um vilarejo perdido, está praticamente por vir ainda. E quer saber? Não é nem um pouco frustrante, mas sim, empolgante.

Se fosse para resumi-lo em poucas palavras, eu não conseguiria em menos de três.

Intenso. Mágico. Fascinante.

Uma balada de primavera – Terceira parte - A mudança de estações


Foi dessa forma que o inverno de sentimentos se estendeu.

A neve caía forte por todos os lados, mergulhando a maestrina cada vez mais, criando uma crosta de gelo ao redor do seu coração. Aos poucos, o sangue deixava de escorrer, ainda que ainda fosse abundante e profuso. O coração batia desritmado e nada era possível fazer para que assim deixasse de ser. O frio e o gelo foram isolando pouco a pouco a mente do coração, para que assim a mente pudesse parar, algum dia, de se importar e pensasse nela apenas.

O maestro, como sabemos, sofreu. Mas achava que não sofria. Achava que não sangrava, achava que estava inteiro, completo consigo mesmo. Não dependia de ninguém, a felicidade e o amor agora eram mais um complemento para o seu bem estar, não essencial para ele.

Como uma mente pode se enganar tão cruelmente...

O grande inverno chegava próximo ao seu auge.

Maestro e maestrina percorriam caminhos soterrados por quilômetros de neve. O maestro corria pelas profundezas sem ver o Sol, mas achando-o que a luz que seus olhos viam era dele. Pobre homem, enganado pelo reflexo de vagalumes na neve.

A Lua e o Sol, as estrelas, nada mais disso existia no céu do maestro. Ele os tinha abandonado assim que deixou o tão espetacular teatro.

Fala-se tanto deste teatro, mas não se chega a descrevê-lo.

Imagine um lugar grande, formidável, enorme, gigantesco! Agora adicione um palco maravilhoso, preenchido quase em sua totalidade por belíssimos instrumentos de madeira e metal, todos tão reluzentes que, ao cair da noite, o brilho refletido das estrelas era capaz de iluminar todo o grande teatro.

No alto, a abóbada gigantesca abria-se ao infinito, revelando os astros infindáveis que coalhavam o céu. Deixava-se ver o Sol, a Lua e todas as estrelas, galáxias. Podia-se contemplar todo o universo daquele lugar.

Quem regia a visão que se podia ter dali era a própria música, os próprios instrumentos. Quando maestro e maestrina faziam tocar uma música mais lenta e triste, o céu fechava-se com nuvens e chovia, molhando a tudo e a todos, pois a música era tão intensa, os sentimentos tão poderosos, que tudo ao redor era contagiado pela vibração que emanavam.

Em dias de músicas alegres e animadas, o céu brilhava fulguroso com os raios do Sol a despejar sua cor azul por todos os lados. O brilho refletido pelos instrumentos era tão intenso que podia-se vê-lo a quilômetros e mais quilômetros de distância. A plateia ficava deslumbrada e emocionada com todo aquele brilho, aquele calor, que não cegava, apenas iluminava cada vez mais.

Nas músicas românticas, o céu estrelado tornava-se infinito. Aquele que o contemplasse ao som da melodia poderia fixar uma estrela a bilhões de anos-luz da Terra. Estrelas cadentes riscavam o céu incessantemente, fazendo apenas aumentar o brilho do espetáculo, enchendo os outros corações de intensa alegria.

Ah, e o lugar para a plateia! Não havia um público máximo. Aquele teatro era capaz de abarcar infinitas pessoas. Todos os que quisessem contemplar aquele espetáculo de sentimentos poderia entrar e se sentar confortavelmente, e então se deslumbrar com a magia da sinfonia dos campos de pinheiros, sentindo o coração apertar-se de pura felicidade ao ver o imenso amor e harmonia que uniam aquele maestro e sua maestrina.

Isso tornou-se passado. Tudo isso não é mais real.

Com o abandonar do maestro no meio do espetáculo, logo os instrumentos desafinaram cruelmente e público se dispersou, pois a nova música que se ouvia era triste e lamuriosa, um silêncio assustador, dilacerado apenas pelo som do choro da maestrina, do bater de suas lágrimas no palco.

Agora o céu que se vê da abertura do teatro é negro e sem vida. A neve cai incessantemente por ele, pesando cada vez mais em toda a sua estrutura que range e cede cada vez mais. Os ecos, lembranças, da música se esforçam, mas não são mais capazes de impedir aquele fim trágico de tão majestoso monumento.

Os instrumentos agora estão soterrados pelo branco sujo que reflete apenas o vazio. Os assentos estão ocupados, mas apenas pela mesma neve que congela aos poucos toda aquela criação.

O inverno de sentimentos é cruel e estava fadado a existir para sempre.

Do lado de fora, muito ao longe, os vagalumes se apagaram do caminho do maestro e ele ficou cego. Perdido na escuridão, seu coração quebrou a barreira imposta pela mente e então, finalmente, a dor chegou até ele, intensa, por todo o seu corpo. Lágrimas e dúvidas e mais dor. Finalmente, um pensamento, mas dessa vez ordenado pelo coração. A mente aceitou e, então, uma batida pulsou em seu peito.
Dava-se início ao outono da esperança.


 
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