21 de dezembro de 2011

Conhecendo-se a partir do próximo


Um mestre em luta diria que o conhecimento próprio é a maior arma que se tem contra um adversário. Um grande amante o diria que, para conquistar alguém, é preciso, primeiramente, conhecer e confiar em você. Jesus disse: conheça-te a ti mesmo.
O auto-conhecimento é pregado por todos os lados, por todos os tipos de pessoa, como uma peça fundamental para uma boa vida em sociedade, para vencermos em tal vida, conquistarmos nossos desejos e realizarmos os nossos sonhos. Concordo plenamente com isso.
Dizem, entretanto, que para se conhecer, deve-se se voltar para dentro, olhar em seu íntimo e descobrir como somos.
Alguém aí já tentou fazer isso?
Foi fácil?
Conseguiu?
Bem, eu também não.
Algumas experiências nas vidas das pessoas as mudam completa e irreversivelmente, e algumas mudanças só podem ser operadas por certos acontecimentos.
O fato é que, antes, eu achava que me conhecia. Hoje, vejo que não me conhecia tanto assim.
Aprende sobre mim ao conviver com outros.
É assim que se conhece, é assim que podemos buscar nosso conhecimento interior.
Todos têm uma ideia pré-formada sobre si, sobre gostos, atitudes, formas de reagir a determinadas circunstâncias que já foram vividas e também às que não foram ainda. E é exatamente nestas, as que não foram vividas, que erramos muitas vezes.
Como você pode saber como vai reagir a algo que nunca lhe aconteceu antes? Até mesmo um lutador frio e experiente pode tremer diante da faca de um assaltante. Mas quero falar sobre assuntos mais complexos.
Sempre tive uma ideia sobre mim, sobre como eu imaginava que queria que as coisas fossem, do que precisava, do que sentia falta, como queria que os outros fossem comigo.
Sempre me achei dependente do afeto alheio, necessitando de doses diárias dele em intervalos curtos para pode me sentir inteiro e bem. Enganei-me.
Sou mais independente do que imaginava e, ainda mais, preciso da minha privacidade com mais intensidade do que pensava. Simplesmente há horas em que preciso ficar comigo e apenas comigo. Isso não significa que eu esteja mal, triste ou qualquer outra coisa. Não, eu apenas adoro ficar em silêncio às vezes, sozinho com os meus pensamentos, livre para poder não falar durante horas a fio, se eu puder.
Descobri esse lado meu a partir da convivência, a partir da exteriorização da intimidade, do ideal que imaginava para mim, e então percebi que eu precisava sim daquilo que imaginava, mas em doses proporcionais dos meus próprios momentos de contemplação interior, não com o objetivo de me conhecer, mas apenas de apreciar a minha companhia. Sinceramente falando, acredito que todos deveriam fazer isso algumas vezes, pelo menos, por semana, quem sabe até uma ou duas por dia.
O auto conhecimento, portanto, adquire-se através do convívio, mas não um convívio frio. É preciso mostrar-se às outras pessoas para que elas te conheçam e, então, você consiga também conhecer a si, a partir das respostas recebidas às suas ações.
Recolher-se não é a melhor escolha, pois somos seres feitos para vivermos em sociedade, e é na sociedade que evoluímos e aprendemos, também, sobre nós.

1 comentários:

Caroline Lovo disse...

Mais uma vez, sou obrigada a concordar com sua teoria!

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