26 de outubro de 2010

Cantar é viver...

Sons, tons e semitons, colcheias, claves de fá, dó e sol, diminutas, cifras, letras e notas, pausas...

O que seria cantar?

Produzir sons com as cordas vocais (de preferência afinados) seguindo um ritmo e melodia... É, até poderia ser isso.

Mas o que seria realmente cantar?

Pra mim, cantar é falar com a alma, imbuir de sentimentos os pensamentos que colocamos para fora em forma de palavras, gestos, olhares, suspiros, atos e movimentos... Cantar não é apenas falar de forma ritmada. Quando se canta, no sentido literal da palavra, deve-se colocar suas emoções nas silabas que se unem, expressar o que se passa no espírito na forma de sons, realmente falar com a alma.

Aqueles que não cantam com o coração, não sabem cantar.

Pode-se estar dentro ou fora do tom, afinado apenas no seu, desafinado em qualquer um existente, mas, se a pessoa que canta realmente fizer isso com seu coração, não importa o que possa dizer Bach, Bethoven, Pavarotti ou quem quer que seja, essa pessoa sabe cantar.

Mas cantar vai além das simples palavras (des) afinadas. Como eu disse, cantar é falar com a alma e a partir do momento que, através de qualquer ato, uma pessoa consegue expressar o que esta sentindo com certa fluência e ritmo, ela está cantando.

A dança é um canto. O canto do corpo. Movimentos graciosos, decididos, fortes, suaves, lentos e rápidos, são usados para falar, cantar, o que sentimos, através do corpo.

Ao dançar, devemos nos entregar ao que sentimos, ao que estamos sentindo no momento, deixar as emoções guiarem nossos movimentos. Até mesmo a mais desengonçada das pessoas pode saber dançar.

A luta é também um canto corporal, assim como a dança, mas, ao lutar, deixamos que nossos instintos se misturem aos sentimentos mais intensos, levando nosso espírito até nossas mãos e pés, pernas e braços, deixando que o corpo reaja ao canto do outro corpo. A luta é uma dança de duas almas. Quando uma “desafina”, sua melodia se rompe e esse alguém é atingido.

Existem dezenas de outros tipos de cantos. Cantos onde expressamos nosso desejo de vencer, nos levamos ao mais agudos tons do nosso corpo, vibrando nossas cordas ao extremo. O esporte é uma outra forma de cantar.

Mas existe uma que vai além de qualquer outra. Um canto de milhões de vozes que se unem para cantar uma só música. Ainda assim, é um canto solitário, onde, mesmo que possamos contar com a ajuda dos outros, só depende de nós manter o nosso ritmo e afinação. Infelizmente, hoje esta melodia não está tão afinada quanto deveria ser. Mas podemos melhorar! Podemos afinar nossos “instrumentos” e ajudar os outros a fazer o mesmo. Fazer reverberar pelo universo a música sublime que vibra a partir da Terra, pois a vida é uma música, a mais importante de todas as músicas.

Mas não estamos sozinhos com nossa racionalidade nessa sinfonia da vida. Temos uma grande ajuda, de nós mesmos, que pode nos fazer ir da mais perfeita afinação à completa falta de cordas. Esse “afinador eletrônico” pode ser de uma precisão incrível, ou também fazer desafinar a nós e aos outros ao redor.

São os sentimentos.

Os sentimentos regem o maior canto, a maior dança, o maior de todos os movimentos ordenados do planeta e universo. Um conjunto de sentimentos em congruência pode anular partes muito maiores da orquestra que não possuem uma força tão grande quanto eles.

Amizade, inveja, paixão, ódio, caridade, culpa. Dezenas e dezenas de sentimentos, uns mais graves, outros mais agudos, cada um cantando em seu tom, ditando seu ritmo e melodia. Os sentimentos bons possuem uma sintonia maior e mais bela, atingem altos tons sem esforço. Os sentimentos ruins não tem essa sintonia. Atravessam-se entre si, quebrando o ritmo uns dos outros, mas tem uma capacidade ainda maior de fazer isso com os mais sublimes. Sua desordenação pode acabar com o mais belo canto de Bach cantado pelos mais belos instrumentos.

Mas ainda assim existe um sentimento que pode cantar mais alto, mais agudo e sobrepor-se a todos os outros juntos, desde que seja “usado” com grande força de vontade.

É o amor.

A mais bela de todas as danças, o mais belo de todos os cantos, o amor é vida, dá a vida, faz renascer, dá sentido à vida.

Cantar é tocar, dançar, lutar... cantar. Viver. Cantar é viver.

Viver é apreciar esse canto, é sentir com todas as nossas forças, aproveitar os momentos com intensidade. Viver é amar.

...viver é saber amar. (Cazuza)

AB s2

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